quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Amanheço sorrindo.
E a vontade incessante de deixar você ir, sem retê-lo, sem medo.
Seca e forte como a morte.
É apenas um instante entre o escuro inicial do dia
E a minha falsa euforia.
Ergue-se o sol e com ele você.
Antes o vento balança a saudade e arrisca
No infinito o teu sorriso bonito.
No quarto subterrâneo o silêncio penetra.
O silêncio é uma promessa que não pode nunca se quebrar.
Em minha falta de pressa toda a vida recomeça
E vai se acumulando como um piano no canto da sala.
O pobre piano ignorado, inadaptável e tranqüilo.
Objeto perdido numa família perdida.
A hora é pesada de sono.
Uns olhos se fecham e se abrem.
Experimento viver e tudo que espero é um par de chinelo
E alguém que me compreenda sem tanta explicação.
De frente para esperança. Adormeço sentindo.
Nem chorando nem tampouco sorrindo.
A vida pára algumas horas e se espalha por terra molhada.
Alimentando sonhos, fiando ilusões, devorando certezas.
Para que o dia recomece e eu já saiba sofrer
Entre os mortos e os vivos. Entre o pus e o sorriso,
E o invisível colorido do amor.

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