sexta-feira, 5 de junho de 2009

Nada vale a pena e a noite foge vestida de cinza,
A noite foge devagar e seus doces passos é como um esperar,
Mas tu não vens,
Tu não estás,
E a noite foge e enquanto não fujo
E enquanto não morro,
Te espero mais um pouco,
Te espero novamente como se esperasse desde sempre,
Sentindo a velha dor da antiga entrega,
Contando gota a gota a ausência amarga
Que embebe meu peito.
Eu não estou desistindo dele,
Ele é que está des-existindo dentro de mim.

Asfixia

Asfixia: te bebo um pouco a cada dia,
Sorvo teus beijos,
A tua vida vazia,
Mordo tua alma repleta de melancolia.
Mas quando te mando embora,
Me sinto sufocar, a tua ausência me abafa,
Me faz perder o ar.
Como enfrentar o novo, preciso de socorro, amor perdido, um tipo de maldade que ainda não decifro.
Preciso de fé, lâmina nova na minha espada, luz na estrada,
Um caminho escuro e esquisito, um inimigo que mora nesse velho peito aflito.
Anseio um carinho, uma palavra, um gesto, um denguinho.
Aviso aos navegantes, não sobra nada do que era antes, será que um dia vou aprender, vou deixar de esperar, vou resistir ao querer?
Amanhece mais um dia, e rompe uma saudade-antiguidade, pássaros voam aos bandos, sinto-me estranha, desligada de tua realidade, da minha realidade, uma canção me faz lembrar que a vida morre, que o tempo corre por sobre todas as coisas.
Sigo sozinha na cidade escura e quente, no intermitente, na contramão da explicação, num desabafo.
Percorri tantos lugares, tantas vegetações, fiquei mais forte pra chorar pela morte, pra enterrar a ilusão, pra me acompanhar só de estrelas, fiquei inteira.
No mar, na caatinga, no sertão, na extremidade entre o sim e o não, aonde as palavras não chegam, ponta dos pés, dor de sapatilha apertada, lugares de antes já tão distantes, amigos de outrora em nova aurora boreal...
Respirar o ar, encher pulmões, interiorizar repetições, convercer-me que cresci, que é normal perder, seguir, deixar, esquecer, sentir, sem-ti...
Avançar com o que sobrou, pequena borboleta amarela entre o mato verde, tentar ser feliz, sonho no vento, alegria em pensamento, urgência de viver até o fim!!!!!!!!!!!!!!!!!!

DIA EM MAIO

DIA EM MAIO


Amo dias frios. Abro a janela e o vento sopra a chuva pra dentro de mim.
Amo as palavras, elas dedicam um tempo ao fim, fecham em si mesmas o que o tempo e a vida deixam abertos, rastream no círculo dos anos as mudanças, as lembranças, as lacunas de sim e de não, a homeopática solidão de dias diversamente perdidos em anos contrários, a confusão. Hoje o poeta traduziu “dia branco”, eu não sei o que isso significa, mas tênue luz se incorpora, penso nos amores de outrora, na lucidez das horas doces, na delícia aflita de desejos incontidos, na pulsação de ventres como o mar revolto, chuva cai resoluta, imediata, desafiando tudo que não pode ser, diálogos escritos ao contrário, temerário paladar.
Escrevo hoje por ti, não para ti, escrevo por dias vagados entre lojas e sonhos de consumo e compromisso, de ilusão e saudade, escrevo para aplacar essa saudade de te ser comum, idônea, gentilmente pessoa, cidadã do universo, quase ausente em tua história.
Te escrevo porque por agora o dia cala, a noite que não veio ainda virá comovida embebedar-me. Escrevo por amar-te e o teu rosto disposto em sonho, do que vivi e não sei se vivi, pois acordada ainda durmo à tua espera ...
Parei de escrever e pronto.
Estou tonto. O mundo tudo diz.
Uma peça por mês, uma poesia por safra, um bom filme inglês.
Farta, estado de lucidez momentâneo, às vezes um cada ano, na mesma estrada de giz.
Colocar o traço no t, aplainar a cedilha, cozer, fazer pequenas tentativas diárias para controlar a paixão.
O que ainda pode ser dito sem o apelo da emoção ?
Chega de curtas, minha longametragem traduz menos luz, menos câmara, mais ação.

Desabrigo

Desabrigo

Por vezes o rio corre e morre em silêncio,
Exprimido entre pedras e sonhos,
Entre um amor e outro.
O rio no entanto segue sem parar, sem pensar em parar,
O rio.
Eu que olhando para o rio em desafio incomparável,
Tento seguir minhas próprias águas,
Minhas inúteis mágoas, correntes tristezas
Eu não saberia ser rio, não saberia conter em mim o curso das coisas,
pois sou coisas e sou rio e sou pedras e silêncio
e meus olhos espantados sentem que não podem cuidar do desabrigo de ser ,
ser é minha loucura, minha desventura, meu álibe
onde me escondo das águas turvas, das chuvas, das tormentas,
dos vendavais de ais, das enfadonhas maratonas diárias,
dos cobradores invulneráveis,
dos letais prisioneiros da moral e dos bons costumes,
dos encolerizados,
pouco amados e até dos jovens poetas enfurecidos de orgulho e soberba.
Acolho a alegria de sentir, repousar na esperança de voltar a te amar. Calar para não dizer mais...
Por você sou capaz até de ser o que eu nunca quis . E apenas por mim voltar a ser feliz.
Hoje, todo motivo da minha vida justifica você .
Espero poder reverter esse quadro de medo, essa angústia, essa dependência que me custa tanto ...
Estou sentindo uma vontade visceral de chorar e sofro, sofro mais por uma vontade não saciada. Não há lágrima; só há dor.
Além de mim, ir.
E não esperar se espero.
Sinto uma saudade tão rasa que tenho a impressão de que a qualquer a momento ela saltará de mim e chegará em você.
Estar só é um abrigo para o nada, é uma noite cansada e sem sono. É uma barriga vazia e sem fome .
Elaboro palavras, te vejo em meus sonhos, tenho a velha sensação de infelicidade e o depois, é isso que vejo ?
Sei apenas que o depois é o que alguém jamais saberá escrever.
A tarde me veio molhada, com gosto de estrada, de verde, de azul. Um lábio doce que não beija e mesmo assim me sinto beijada.
Não sei a que estou, pois falta ritmo, pois falta amor.
Um Deus que me reparte em pedacinhos e depois cola de novo sem nenhuma tristeza.
A tinta penetra no meu sangue e no meu desejo profundo de viver até a morte.
A vida vai passando lentamente sobre telhados,
restos de sonhos dormidos ou mal acordados.
Penso no que fui... caipora, inconseqüentes desejos
Que em mim ainda moram.
Como sentí-los eternos e vivos agonizantes na sepultura do agora ,
como esquecê-los se ainda residem na superfície da memória ?
Negar, já não sei .
Evitar o possível é possível sem lei ?
Por favor alguém redija essa lei,
Que tenha a força da palavra de um rei que jamais volta atrás
E que faça eu não querer ver-te nunca mais
Nunca mais... sonhar contigo, sorver teus lábios, correr perigo,
Me despir com a tua pele, ser teu fruto doce ou doce verme,
ser-te nas entranhas onde tu és quem tu és e nada mais
ou mais uma coisa qualquer,
pois não suporto perder-te de mim sem começo nem fim
numa história que agora parece só existir dentro de nós.
E sinto, pois nosso amor merece um filme exibido na Walter Silveira,
Numa quarta-feira chuvosa, depois um bom cappuccino e um perfume suave de rosas no ar
ou quem sabe um bom e belo livro de cabeceira que faça os amantes sonharem
em viver tudo tão intensamente, se entregando aos desatinos da paixão,
cedendo aos mais loucos impulsos que pulsam um coração sedento de luar e amor,
outras vezes partido de saudade e dor, aflito por uma explicação que lhe possa trazer de volta
os inesquecíveis momentos de um linda ilusão,
em que amar era inventar confiança , acreditar no inacreditável com a alma de uma criança,
fingir mil motivos para rever o ser amado,
tomar vinho, comer uma massa e dormir bem agarrado nos braços da esperança
e sonhar o mesmo sonho de nada daquilo se acabar
e todos os dias se repetirem no eterno desejo de amar.

Pequenina,

Pequenina,
A antena agora parece maior, maior que antes e sempre,
E me sinto insegura e tenho medo,
Tenho medo,
sobretudo porque sei que a vida não vai esperar que eu me decida
e tenho que aprender com a faca engulindo meu peito,
mesmo sabendo que de algum jeito,
sou eu mesma me ferindo, abdicando, indo e não indo,
sei também que é preciso coragem para não mandar uma carta que fale de amor,
e também para mandá-la, porque o amor requer ousadia e mudanças,
sem mesmo perguntar ao rio se ele está pronto para seguir com a
força da correnteza.
Sou um rio que não quer ser rio,
quero pular para margem e pescar em mim,
pequenos peixinhos dourados, que eu sei, ainda devem existir.
Estou cansada, não me peças mais nada,
Porque a culpa não é de ninguém e talvez seja,
mas nesse caso não existem pessoas responsáveis.
Existe apenas o que fiz com a idéia delas
e as pequenas fortunas que recebi por tocá-las,
pois sei que alguma delas são mais valiosas do que eu possa imaginar,
outras no entanto são pedras falsas,
falsos diamantes, mas me deram verdadeiros instantes
instantes que durarão séculos para serem esquecidos.
Por isso lhe digo, ou melhor, lhe imploro,
não zombe do meu medo,
Pois ele também nasceu de histórias belas e tristes, do meu desejo voraz de ser
E da minha coragem quem sabe em deixar-me perder,
Talvez por isso agora eu esteja perdida
Em meio à minha própria vida,
como um rio que não sabe seu curso,
mas não saber não o impede de ser rio ou de seguir seu caminho.
Que as minhas águas desçam mansas já que estou farta,
De fazer chorar meu próprio choro
nos olhos de outro alguém.


Nereida
29/04/99.

Menino-sol

Menino-sol

Se eu apenas pudesse contemplar de longe o que vivi,
Voltar a sentir meu cabelo livre de vento
E o sentimento que habitava a raiz do meu coração
E me fazia queimar de alegria e imensidão.
Se eu ao menos pudesse....
Onde está o homem das noites de outrora,
Onde havia tempestade
em meio a aurora ?
E que gritava meu nome com a boca cheia de estrelas
E os olhos repletos de luz ?
Em que mundo habita o menino-sol,
Que ainda é o sol da minha vida ?
Pudesse ele cicatrizar essa velha ferida e de novo fazer-me sorrir,
Com seus papiros de infinitos delírios tão pueris como lírios
Brotados no ar, mágicos a bailar num imenso rouxinol da paixão
Cantando versos de trovão antes mesmo do dia raiar,
Onde está o homem metade de mim, meia lua do meu fim,
Meio tudo, meio nada, parte arrancada do todo ?
O único capaz de fazer “Lilith” dormir como menina encantada
Depois de tê-la amado como amam os animais desesperados,
Envenenados de desejo e paixão,
Acalmando seu corpo febril de tesão,
Com límpidas gotas de seu suor.
E com sua voz invocava cantigas antigas
Nascidas em outras vidas que lhe faziam chorar,
Não sei se de medo ou saudade já que toda realidade um dia se perde
No labirinto que é viver.
Se eu ao menos pudesse fazê-lo esquecer tanta dor e sofrimento,
Pediria às nereidas que soprassem uma melodia do mar
E que apenas o menino-sol escutasse o bálsamo suave
De lembranças de passados, tantos beijos antes dados,
Tanto carinho no existir, tanta força, tanto amor não se acaba por sentir,
Mesmo que às vezes dure uma eternidade inteira para torná-lo possível
O amor não se dá jamais por vencido,
Pois se é amor, a mesma vida que separou tratará de juntar
O menino-sol e a menina-lua num só patuá.







Menina-lua

quarta-feira, 3 de junho de 2009

Chega Aurélio...

Chega Aurélio,um hemisfério por saber.
Um mistério,de chuva fina e rara em tarde de abril.
Chega para desvendar encantos e aprender sobre cheiros, sabores,tato.
Para se encantar com o som abstrato que saido violino de sua mãe.
E com as multicores das estações que deslumbrama alameda da Vitória.
Chega em glória e delicadeza,como um bombom de chocolate e cereja.
Como um pote de mel, puro, raro em sua existência.
E desde então, já é flor em botão, amado, amor.
Chega Auréliopara ensinar e aprender outras formas bonitas de ser.
Para fincar com sua história, a história dos seus antepassados.
Para se aventurar na loucura que é viver e deixar sua luz dourada em cada passo da estrada que venha a percorrer.
Nereida
De longe tem uma parede com ervas daninhas e heras
com flores que crescem à espera do tempo ideal do amor...
Labirinto frágil de prantos e risos, de gozo, desejo, dor.
Se às vezes parece tinta,o verde das folhas em cor,
não é disfarce de planta, são as multifaces/ses do amor.
Há que zelosa cuidar, do muro, lajotas, pedras, que encharcadas de esperança ao luar,
permitem que brotem o caminho de ervas.
Nereida
Desaprendi a ordem das coisas.
Os sentimentos não parecem ter encaixe.
As noites não prestigiam mais os dias.
As horas são brutas.
A delicadeza dos gestos prende simbólicos cabelos.
O desejo não faz loucura.
No silêncio dorme"angelos".
O rio guarda seus mistérios e os jasmins precisam de consolo.
O beijo aguarda a boca.
A saudade é sonho de outra vida.
Teu cheiro tem gosto de maçã.
A lua guardou-se entre as nuvens.
O medo é ensaio pra coragem e tudo mais...ensaio para encontros.
Nereida
Nada demais...noite adentro e uma saudade invade. Melancolia por certo,, o tempo chove e tráz notícias de ontem. Um boteco, um cigarro amassado, e a vida desentendida seguindo.
Nada demais...madrugada vindo,, lembranças de um caderninho que se perdeu na memória. Sonhos diversos, transvestidos de conversas-bobagem. Nada demais...manhã surgindo, e eu rindo por dentro, sentindo...

ps: duas vírgulas colocadas propositadamente para mais pausa. stop, pausa.

E-mail para um grande amor(o maior...)

O que dizer diante disso tudo ? Vc foi um pássaro com quem voei durante um lindo tempo,e descobri em sua companhia a beleza de muitas coisas, de muitos lugares e pessoas.Com vc eu sempre queria me tornar uma pessoa melhor sabe, mais sensível, mais humana, mas nem sempre isso foi possível, é humano né ? só depois é que aprendemos às vezes, mas sempre é tempo. ..Te comprei um Cd do Caetano que gosto muito, não sei se te contaram, mas não chegou até sua mão, se perdeu no caminho...literalmente!!! Por isso resolvi te escrever, porque o cd não era o mais importante, o mais importante é vc, é a sua amizade, o nosso amor transformado. Sou louca por insistir, talvez sim. Mas crescemos muito juntos (ou não ? ), brincamos de viver, fomos companheiros de aventuras, fomos felizes. Então meu desejo natalino é que vc possa ficar mais pertinho da minha vida e eu da sua e que possamos rir e contar piadas e falar bobagens e coisas sérias e não falar nada, sem temer fantasmas. Sobretudo porque pessoalmente acredito que não foi um encontro de corpos, mas de almas."o que passou calou, o que virá dirá,(...) o tempo vai passar e td vai entrar no jeito certo de nós dois, as coisas são assim e se será será" (Marisa Monte)
Então sinta o meu abraço e não pense por favor que espero nada em troca, além de um pensamento seu em mim (Lari lembra ?). Que o menino Jesus que simboliza o Natal, não permita que esqueçamos a criança que existe em cada um de nós, "mais puro é o amor".
Bjs,
Neu : )

para Alan

Te espero aqui e agora,
na demora do sempre, a mesma aurora.
A tua presença sentida me devora e amargo às vezes a vida, a flor que chora.
É leve o teu olhar de menino, a tua infância madura e te peço não te esqueças amigo,
do amor que minh'alma te jura.
Tua amizade é para mim o cintilar de uma noite escura,
o sol mais brilhante que há,
o sentir de mais profunda ternura.
Deus nos abençoe,
De quem ter quer muito e tanto
Neu
Risos encharcados de luar.
Aqui as noites tem sido tão claras, quase não cabe no peito essa emoção, esse deslize de deslumbramento.
Sigo minha vidinha, sempre descobrindo que preciso me organizar de dentro pra fora...E como é que faço isso ? Alguém ensina ? Ainda um pouco triste pela distância absoluta da amiga marinha ,
medo de tê-la perdido em águas profundas...estrelas e peixes,vasos morrendo sem flores.
Que intençaõ ingrata de ser egoísta ? Eu que tenho tanto amor por ela, nunca nunca a quis magoar. Segue-se, mesmo sem querer, a essência prevalece.E aí ? Tem comido chocolate ?
Tem beijado bocas e silenciado sozinha na zona perdida dos sonhos ?
Mando-te beijos afetuosos de luz enluarada e da própria brisa que vem da tua fala, doce amiga doce...fica em paz!!!!!!!!!!!!!!!!
Neuzul

Ágape

Ágape


Quero te dar um presente,
mas vai ser uma lembrança
embalar teu coração de criança
com a infinita ternura do meu.
Quero te dar um abraço
numa energia de livre expressão,
pegar de leve tua mão
e acarinhar de bondade
e esperança.
Quero te dar
um beijinho quente
de antigamente
do templo da nossa paixão
e resvelar nossa amizade
construida com dor e alegria.
Quero te dar neste dia
para sempre meu amor sagrado(Ágape)
e desejar que tua vida
seja um doce sonho encantado
em que tu menino-príncipe
sigas lindo e alado
e em contornos de idas e vindas
saibas que estou ao teu lado,
como tua amiga
não apenas, uma mulher do passado...

Nereida(Lari)

Amigas-irmãs

Amigas-irmãs
Com que beleza me chegam as rosas do fundo do mar. Da tela de sonhos, da lembrança mais terna de amar. De acreditar que a vida não leva da maré, o que a maré não lhe quer dar.
De ter um peito que bate oceanicamente a cantar. Poesia, mistério, pequenos olhos que aprenderam a sorrir, de canto, de soslaio, de espanto...no verdadeiro e precioso acalanto, que é possuir ao mundo, no jardim das flores mais belas, amigas-irmãs, primas-veras, bartiras, maíras, singelas, nascidas da terra para em mim morar.
Obrigada por trazerem luz a minha exibição e serem as de então, meninas estrelas, mulheres cadentes. Amo MUITO vocês.!!!!!!!!!!!!!!!!, ... "

Amiga marinha

Amiga marinha.
Quero amar devagar, mas não consigo sozinha. Dilúvio.Temporal. Maremoto.Vendaval.
Ele chegou como se antes sempre tivesse existido, seus olhos são sombras, são brilhos.
E exclamo, ai meu Deus, tamanha profundidade nesse amar... A esse que tomou meu coração, líquido quente ao luar.
E fez gotinhas de mim.
Eu, a de outrora, casinha encantada de espanto, e morro no entanto em outra solidão que agora também é minha.
Amo vc Clarão!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! Tia vaca
hj....ontem..amanhã...outrora...um dia...uma noite...uma manhã...uma madrugada...um pensamento...
Amiga,
Eu não sei explicar direito o que temos, mas é tão bom pra mim quanto esse leite com baunilha e mel. Eu tenho a impressão de que somos para sempre, que temos almas complementares...loucura minha ? Quando leio sua poesia fico emocionada, vc é um floco de neve, um cake de morangos, apesar de grandes e vermelhos, morangos, morangos em calda. Ondas gigantes de morangos! Ao mesmo tempo tb somos tão diferentes, vc é refinada, eu sou bicho grilo, como de mão...mas ambas amamos as estrelas né ? Será que tentamos ouvir os guisos do pequeno príncipe e encontrar aquela rosa perdida no universo? adoro seu caledoscópio!É tão bom que acho que sempre terei medo, não talvez não seja medo, seja respeito ao sagrado, ao perfeito, "a insustentável leveza do ser "...Num sei... tô aqui meio boba, pensando no inexplicável, mas às vezes saber a "receita" num explica o sabor desse leitinho, o calor, a suavidade da nossa amizade, que puxa já passou por muitas provas né...
"há flores por todos os lados, há flores em tudo que vejo"
É assim que sinto, espero em Deus ter cuidado contigo (SEMPRE), com suas pétalas, sua amizade, seu amore, sua vida. Perdoe-me e me ame, assim desajeitada e aflita, fugindo, voltando. Minha poesia é "tudo torna, senão entorna!" Entre tantas confissões, vc me faz querer viver até os 98!!!!!!!!!!!!!! VIDA COM VIDA, com brownie(?), é assim que se escreve, num importa, com vinho do porto, com Gaudi, com mar...contigo minha poetisa, minha beleza, sempre por perto. É uma benção tê-la em meu caminho, agradeço a Deus e àquele, que por junção imprópria, louca, difusa, confusa, nos apresentou. Agradeço muito, mesmo, MUITO pela nossa amizade saudável, delicada. Te bebo em sonhos, não aos goles, mas em conta gotas, para te sorver inteira, lentamente, como um verso que não ouso possuir, mas me pertence.Tá tocando uma música que adoro de Milton "vc sabe que as canções são todas feitas pra vc... e se eu num tô enganado acho que vc me ama tb!!!"
Estou partindo para o onírico, o lindo, o lugar estranho que vive e acorda em nós quando sonhamos, ...................................................................................................................não sei mais nada, um beija-flor, Neu

Silêncio e Luz

...suspiro uma idéia, mas não há tela que te caiba,
verso que execute melodicamente tua forma,
teu ser.
Crepúsculo...
aurora...
águas de mar profundo, profundis...
desejo confundido,
plural de sentidos,
violentas pétalas de flor,
rompendo de mim pra ti,
de escuros lugares nascendo,
como um sonho transcorrendo,
de mãos dadas,
em noites ainda não contadas de silêncio
e luz.
Nereida

Maralto

O maralto assombra, amedronta, é gigante. É um perder-se sem
fim e distante. É como não saber de nada e estar no fundo aposto de tudo.
É um ardil. É um calabouço de tristeza. É uma ilha livre ao leste.
É sobretudo um certo dia de anil, de pés descalços, de tantos passos "in falso". É como uma dor de partir feita de agoras. Um agora que afoga a manhã de um pra sempre.
Ou como o sol recorrente de um penúltimo olhar. É passar...passar...pela vida e constatar,
somos carne e osso, somos sonhos feitos e desfeitos. É um de repente que derruba a gente,
numa onda grande e violenta, que por cima arrebenta desejos. Maralto não dura o tempo todo,
já por ser mar, isso guardei, novas marés de novas manhã claras verei...um pensamento!!!

Sobre copos e flores

No fim das contas há o incontável sabor das pétalas, deitadas, amanhecidas sobre o chão duro e encantador, por onde tantas vezes se rolou por amor, se fez uma canção sem versos.Não, não posso, não sei falar sobre o tempo, não sou feita dessa matéria, sou etéria, pensamento, me desfaço com conclusões, ou com a ausência delas.Perco ritmo, ando no escuro, alongo minhas antenas para o absurdo que não compreende a urgência em ser ser. Amanheço e logo me esqueço da humanidade latente, mensageira de presságios, aliterações. Queima dentro de mim um vulcão milenar, e dentro dele uma flor de cera que às vezes me impede de me queimar por inteira no fogo das paixões. Se fores sal, deixa-me ser areia, e vamos brincar indivisível na poeira da vida. Atravessa teu mar, pões luz nas feridas, e respira, respira, o vento enfim empurrará tuas velas.

Te amo

Te amo.
Não sei por que te amo.
Não deveria mais talvez te amar.
Passado tanto tempo,
Tomado tantos vinhos,
Te amo porque você é como um centelha
E basta te pensar, ouvir, ler-te.
E paulatinamente o fogo cresce.
Te amo porque ainda te sei em minhas entranhas.
Porque à noite tu me adormeces
,Como lembrança.
Saudade coberta de lençóis.
E vens sem sequer eu chamar.
E em sonhos me beijas,
Com um beijo tórrido,
Que somente tu sabes me dar.
Te amo.
Passado tanto tempo,
O tempo parece inatingível.
Te amo porque tua essência
Prevalece em mim.
Como um alter-ego, como alguém a quem consulto,
Ou que insulto,
Quando não posso,
Quando não quero.
Ou quando, inconscientemente te chamo
E não vens,e não podes vir.
Talvez não saibas mais o caminho.
Talvez não haja mais caminho,
Talvez o caminho precise ser refeito.
Apenas dizer que te amo.
Por enquanto,
Diferente de como antes.
Por enquanto, agora,
Como não sei será depois.
Mas te amo como quem desfalece.
Como pétala de rosa
Que levemente cai , embora ainda assim,
Não deixe a sua beleza, seu aroma, sua delicadeza
,Refletida no ato partido da separação.
Te amo, porque alguém como tu,
Não pode senão ser amado.Meu amado. Para sempre. Te amo.
Nereida

Flertes Noturnos

Estou cansada de flertes noturnos na madrugada.Isto, já o fiz muito.
Agora quero mais,quero alguém com quem conversar,alguém que me fale de coisas que ainda não aprendi a escutar,que me mostre árvores de espécies que ainda não conheci.Alguém com quem eu possa ter um banco de horas,colecionar estrelas noites afora.Sentar num fim de tarde qualquer pra escutarmúsica clássicae desejar ver o mar todo numa taça.Ah, eu quero repartir o pão,cuidar da casa e do coração,saber das cicatrizes da vida,doeu...ainda dói ?Trocar os lençóis cobertos com flores,ensaiar lembranças de outros inúteis amores.E de repente sem nada esperar,receber entre a multidãoum beijo cheio de ternura,no centro da minha solidão.Ah, eu quero mais,Neruda e seus versos tintos,vinhos e seus aromas de fruta.Quero uma noite tranquila de sono,um carinho nas costas,enquanto não durmo.Verão, inverno, outono, primavera,e entre as estações,sub-estações de espera.Quero alguém com quem possa chorare que chore comigo também,ao lembrar de uma amiga quefoi embora,ou da família que está mais além. Quero sentir a passagem das horas, ver repetidas vezes os filmes preferidos, e até quem sabe, planejar juntas um filho. Estou cansada, não quero mais estar sozinha nas loucas baladas. Quero montar estantes, juntar livros, planejar uma viagem distante. Quero um amor-amante, que depois da tempestade, seja raios de luar. Que faça da vida uma aventura constante, um vôo no espaço aberto de brincar. Quero um amor amigo, que cozinhe comigo e espalhe por toda casa o cheiro verde das ervas. Quero travesserinho junto, macio, pé com pé, no calor ou no frio. E nas férias de dezembro ou abril, sair pra pescar, tomar banho de rio ou de mar. Sou de muitas querências, romântica em demasia, mas não me iludo, com o par ideal, alguém para me resgatar do mal, para curar a dor de não ser. Quero agora, como um dia quis antes, alguém que saiba me ler e no prelúdio de entrelinhas, no tempo que a vida nos der, ser um amor aberto, sincero, amor para o que der e vier.
Nereida

Um Homem do seu Tempo

“Tempo. Tempo! Tempo! Não quero perder tempo.O tempo não gosta do que se faz
sem ele”,
diz um sábio ditado do povo-de-santo da Bahia.
A frase acima costumava estar sempre escrita na lousa nas aulas de Gey.
Tenho orgulho de ter sido aluna de Gey Espinheira. De ter convivido, na Universidade Federal da Bahia, no Curso de Ciências Sociais, com ele, personalidade fundamental na minha formação intelectual, na minha sensibilidade, na minha maneira de pensar e fazer sociologia dos episódios da vida.
Suas aulas eram palestras sócio-antropológicas, permeadas pelo olhar perscrutador de quem verifica o óbvio, por uma lente mais profunda, capaz de indagar lados e versões e imiscuir diferentes teorias e lógicas para sondar o insondável, para abrir novas perspectivas e concepções sobre as produções científicas.
Gey era produtor de fascínios e com tal leveza de professor e artista, seus encontros-aulas sempre nos levava a burilar o universo das Ciências Sociais, como um grande laboratório existencial.
Para além de um mero “transmissor” de conhecimentos, Gey provocava um agir conjunto, um despertar, no sentido mais próprio do ver, ser e estar no mundo.
Já formada, e ainda assídua em busca dos lugares em que sabia que este estaria dando palestras, fazendo considerações, eu sempre observava o público, e com tal simpatia, ele aguçava os desejos de quem o ouvia falar, mobilizava com sua retórica o exercício de expandir o agir individual no agir coletivo, num valor que por diversas vezes perdemos ou esquecemos de praticar, porque só existe no fazer conjunto, a solidariedade e a generosidade.
Falo de Gey a partir da experiência e do aprendizado que esse encontro imprimiu em mim, em tempos de juventude e confusão, em que a teoria se me apresentava distante da prática, como um arsenal inútil para uma “guerra”, o cotidiano, o mercado de trabalho, o devir, que eu, e acredito que muitos de nós, não sabia exatamente como enfrentar.
Na dimensão existencial descobri em Gey, um aporte, um interlocutor, porque com propriedade apresentou-me inúmeras possibilidades de conjugar emoção e razão, teoria com um jeito próprio que eu devia descobrir, sem medo, e fazer a minha trajetória da poética sociológica, que ele, como poucos, sabia ser possível. Não como um arranjo ingênuo, que muitos consideram, mas como uma forma inerente de analisar os fatos e propor interpretações.
Incansável em sua maturidade intelectual e vigorosa, disse-me certa feita, num dia em que eu, miseravelmente cansada de tantas leituras, de que era preciso mais, “insira ritmo e leia ao menos cinco livros por semana. É preciso ler tudo o tempo todo”. Perplexa, sorri e disse-lhe que iria tentar.
Hoje compreendo de que para além de livros, de diversos autores (as), falava-me também da leitura do mundo, da vida política e social, das pessoas, das comunidades, da teia social que se forma e da qual somos formadores. E mais que isso, que somos nós, agentes dessa teia, capazes de desenvolver com e através dela, novos caminhos que se expressam pela vontade e liberdade, que temos de acreditar e contribuir, de mudar e sermos mudados, mas sobretudo da beleza de esperançar em nós e no outro, um mundo possível e que lateja, como um ideal a ser confirmado.
A sua calvície diante de um emaranhado de fios brancos, harmoniosos, a sua longa barba, que por mania ou hábito, usava passar a mão, como que alinhando os pensamentos complexos que investigava, como mistérios a serem desmistificados, resultado de conjunturas variadas que polarizam uma a outra, num intersecção sutil,elétrica, capaz de compor inúmeras trajetórias que incidem na vida de todos nós, que nos afetam e afetam ao meio-ambiente, e exigem portanto ações que se não são de defesa, e pousam inertes nos seres viventes, são então, de inércia e destruição.
Não ousamos mais falar em utopia, mas Gey o fazia, lembrando-nos sempre do tempo, o Senhor de Todos nós, matéria que permeia todas as coisas existentes, como se na ampulheta da vida, tivéssemos ali, grão a grão, a possibilidade solitária e coletiva, de fazer arranjos, de criar, na multiplicidade do que cada um aprendeu a ser, diferentes formas a ser apresentadas, feitas e desfeitas, no grande caleidoscópio de existir-interagir.
Em pequeno trecho de seu texto, “A Grande Corrida do Seca Seca”, Gey Espinheira escreveu, “Nós somos feitos de tempo: carne e osso; ah! bem isso, corpo! Mas nós somos feitos de alma, espírito, corpo que deseja e que sofre e que goza. A gente se alegra, ri, mas também entristece....”
Gey, como poucos, sabia falar das ansiedades produzidas em todos nós pela sociedade, mas sem ‘negativá-las’, acreditando que estas fazem parte do estar no mundo, da crise necessária, das contrações que geram a vida, e se partilhadas, comungam objetivos comuns capazes de transformar a realidade individual e social.
Lembro-me então de uma frase de Hermann Hesse em um livro que não sei mais qual foi, mas que dizia “ a realidade é algo que não devemos levar a sério”. Entre esta frase e o pensar “geyniano” que aprendi a conhecer e respeitar, ouso arriscar, que seu significado implica que por si só, as coisas dadas, postas, não devem ser super-valorizadas, mas na mobilidade do binômio indivíduo versus sociedade, podemos alterar, constranger, interagir, modificar.
A Gey agradeço pela simplicidade com que me apresentou novos mundos, pensados por muitos autores e também por ele. Agradeço também por em uma tarde, era primavera, me lembro, em que me ofereceu uma jóia literária da fina poesia de Ruy Espinheira, que mastigo até hoje, lentamente, relutante em digerir tão preciosos versos.
Com ele pude conviver apenas dois semestres na faculdade, afora os encontros da vida pública, e tenho tanta matéria-prima guardada, frutos desses encontros, que imagino quanta multidão de experiências, trocas, aprendizados não devem permear as almas dos que com ele conviveram por 10, 20, 30 anos.
Hoje estou muito triste. Não pela morte, passagem inevitável para cada um de nós. Mas, sobretudo porque ouso modificar um velho ditado que Gey me dizia, quando de certos encontros com ele, penso que agora direi assim 1 “nada será como antes no quartel de Abrantes”
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