terça-feira, 9 de junho de 2009

Está tudo alagado.

A chuva cai longamente.
Vejo o verde das árvores.
Vejo a terra seca molhar de rir.
O céu está revolto e suas ondas quebram as nuvens.
Os anjos parecem querer anunciar algo.
Talvez libertos gritem de medo.
Um relâmpago corta meu coração.
Em algum lugar em mim está tudo alagado.

Possibilidade de te ter

Eu sei que eu não tenho você,
mas é a possibilidade de te ter que me faz te querer tanto assim.
Não tenho sequer a mim e de algum jeito nos temos.
A vida tá dura, tá.
Dá pra agüentar.
Depois tudo passa e a traça rói os dias ruins.

A sede :

A sede:

Limito-me a falar da sede.
Minha sede é como a fome
E não me consome se eu não a consumo.
Sumo, resto de nada.
A sede me devora,
Embora o processo seja lento e violento.
Por isso bebo.
Por isso amo.
Amo tanto que a sede cede e vai embora.

A vida é muito louca

A vida é muito louca.
Tenho medo de errar os mesmos erros.
As pessoas são diferentes, o palco é o mesmo.
Concentrar-se em uma única direção, transferir-se, doar-se.
Desvendar mistérios que antes nem sabíamos que existiam.
Tudo se surpreende e na melhor fantasia, acontecemos.
É preciso deixar as coisas durarem o tempo que quiserem.
Depois então, seremos surpreendentes!

Prazer de ser

No escuro do cinema voa uma cena,
tomo parte do filme por instantes,
sou a atriz principal.
Agora teatral, parque do mundo ;
O sangue não jorra. O mal está feito.
A natureza é má.
Não há que negar, todos são vítimas.
Alimento-me do prazer de ser.

Último efeito:

Último efeito: Respiro um ar de saudade.
Manhã janeira,
Tempo vivido.
Nada foi o que é e tudo se renova no porvir.
Pra acabar não tenho medo de sonhar.
Tenho medo é de dormir.

Pré-sono:

Pré-sono:
Ainda não durmo. Cintilo.
No entanto, penso em você. Que sentido faz pensar?
Acordo de um sono que ainda não chegou.
É noite, é dia, e o teu rosto não sai da minha memória,
Pós-você, só o futuro!

Me chamo Nereida

Adoro saber que me chamo Nereida e que meu nome fura paredes,
Destrói alicerces,
penetra corações
e deixa um enorme vazio nos que são cheios de si.

Não é fácil amar

É tão difícil tomar picolé com a ponta do pé,
Como também não é fácil amar
Um palhaço que só nos faz chorar.
O jeito é deixar o picolé derreter, misturar com as lágrimas
E beber.
A alegria é um domínio total e
Retilíneo, como o olhar de um menino que parece lindo ié !!!

Lugar santificado de mãe

Dá o que pensar vê a vida
Girar e cada um por si crescer,
Sorrir, sofrer, se dá.
Seguir caminhos tão próprios,
Impossíveis de voltar.
Te olho e contemplo, e choro e rio por dentro,
Tão forte e frágil,
imperturbável em seu lugar santificado de mãe.
Amo você.

A bóia do nosso amor

Fiz o que pude e o que não pude,
Fiz o que sou e o que seria
Para te agradar.
Rasguei o meu mar em pedaços distintos,
Dei cores aos peixes
e riso aos golfinhos,
Me mandei num envelope lacrado que morreu afogado de saudade de você
e antes que eu chegasse aí,
Decidi desistir, furei a bóia do nosso amor.

Tarde de maio

Isso que chamo de uma tarde de maio chuvosa,
E a chuva cai inteira em minha alma porosa.

Inverno de mim!!!!!!

Ganhei o menininho encantado com o peito
Repleto de luz, farol de avestruz, travessuras de encanto,
Raio de sol no inverno de mim!!!!!!!!!!!!!!!

A vida parece dourada

Luzinha,
Disco 001
Ninguém atende,
Estou sempre ocupada
E somente se desligam as futilidades.
A vida parece dourada.
A vida parece dourada e é.

Maneira de olhar

Não sei se sou poeta. Plantaram em mim essa dúvida,
E ela floriu, branca, rósea, desajeitada como os poemas que sinto.
Então brinco,
Por favor, a quem explicar,
As ideologias reverberam,
É inútil tentar.
Não sou poeta, nunca fui, por assim falar,
Apenas respeito em mim uma certa maneira de olhar,
Vejo o mundo de trás pra frente ,
De cima pra acolá,
Dou sentido ao sentido que passa,
Invento estórias, recrio um lugar,
Bem quis dizer a todos desse meu sentir particular
Mas não sou poeta,
Não adianta tentar.
Vez por outra alguém rega sonhos
E corro ao papel para contar,
Mas para sempre guardarei os poemas
Que me existem, pois ainda não soube lhes dar.

Aterrorizada com o mundo

Estou aterrorizada com o mundo.
Quiçá, sofrer?
É gentil se contorcer de dor,
Pasmar perante o horror de saber e calar.
É desumano não tentar,
Deixando de ser,
E habitando o será.
Por que meu Deus, me pergunto e a pergunta
Nem sei formular ?
Por que, meu Deus, até quando só ficarei a chorar ?

Sunset:

Sunset:

Tudo atrasado, cheguei correndo
Para ver o sol se pôr,
Mas se impôs no amor,
Altivo, sincero,
Do jeito que quero, do jeito que for.
Sereno, tranquilo, me beijou,
Mil beijou.
Ah! Se eu pudesse, tudo novamente,
Chegaria depressa,
Antes do sol se pôr,
Antes de acabar o amor.

Talvez nunca mais

A lucidez do susto de talvez nunca mais,
O impulso discreto do medo
Que a morte me traz.
Viver é o meu segredo !

A velha desilusão

E é sempre na rosa o espinho
E sempre neste sempre a velha desilusão,
Pizza, vinho, chuva e separação.
Saudade é como se fosse um
Inverno mais cedo no meu coração,
Justo agora que estava quentinho
Me deixaste sozinha na minha solidão !

Setenta vezes cem

Ah pudera, eu fui fraca.
São sete morros e sete ventos,
Sete desejos, sete tormentos,
Sete belezas, sete revelações.
São sete histórias sem traduções.
São sete poesias com palavras vazias,
Sem nenhuma intenção,
São sete disfarces que eu visto para ti,
Mas nada te agrada, nada te faz sorrir.
São sete canções, sete medos, sete decepções.
Sete países desertos,
Sete muralhas de ferro,
Que habitam sete multidões.
São sete agulhas no peito,
Caçando um jeito de ferir esta paixão .
Mas são sete vidas que tens,
E quanto mais te mato, mais te quero,
Setenta vezes cem.

Psicologando o impaciente :

Psicologando o impaciente:
_ Oi Drº
_ Não sou Drº. Oi
_ Oi Srº
_Não sou Srº. Oi
_Oi então seu pobre moço!!!
Quebrou o pescoço do paciente irritado,
Largou o mestrado
E foi aprender japonês,
Talvez Freud explique,
Mas só talvez.,.,.

O amor cansa também

Velocidade no asfalto,
Coração no alto,
Som a rolar,
E eu te amando com os olhos, com a boca,
Com a alma.
Eu te amando com a calma,
mas o carro corria e eu não te podia alcançar,
o amor cansa também,
Tu fugiste depressa da minha promessa de te querer mais além .

BA-BH

B com A, BA, B com H, que vontade de estar,
Nos braços do meu amore,
Sentido seu coração pulsar.
BA-BH- BA- BH- BA,
E eu ia amar !

Perdão à despoesia

Perdôo, teu gesto doce de insatisfação,
Tuas poucas palavras,
Tua desilusão.
Perdôo, o teu enjôo de viver,
O teu jeito de ser, tua mesmice patética,
Tua despoesia.
Perdôo este dia, porque só nele pude
Perceber que mil perdões não apagam o
Mal que me fiz ao te querer.

O menino que queria voar

O menino vinha descendo a ladeira,
Sem eira nem beira, nas barras do vento,
O menino e o seu pensamento
E a sua vontade bestial de aprender a voar.
O menino vinha descendo a ladeira,
Naquela zomzeira de tanto sonhar
E o vento amigo quis lhe atender o pedido, um ônibus
Passou ... e o menino hoje voa ser parar.

Casinha do tempo :

Casinha do tempo :

Dolores cresceu, cortou o cabelo,
Perdeu os óculos,
Ficou morena de sol.
Dolores cresceu e suas dores,
Seus amores, seu eu ?
Sou o ser andrógino,
Seu amigo
E amiga,
Seu distante e seu próximo
E como vejo Dolores, mil cores
Sem cores,
Mil sonhos tão sós.
Dolores sofreu de flores, de cartas,
De búzios, de latas, de partidas inesperadas,
Antes sequer de seu coração estar preparado para o adeus.
Senhorinha Dolores, criança da vida,
Não se deixe perdida a vagar sem porquê,
Roube do céu uma estrela e arremate
De luz seu olhar, não podes mais ser como eras,
mas não deves viver como estás.

Descartar o passado

Preciso descartar o passado,
Jogar tudo pra o lado e seguir pra o não sei que espera
a todos.
Hoje, estou rústica,
Mas não acústica,
Todos os sons se perderam.
Reúno os meus fantasmas e lhes digo.
Não há mais nada o que vos dar de comer.
Preciso descartar o passado e recomeçar a viver.

The End

Um grande nada, vazio da palavra,
Uma sensação de sem mim.
Consideremos que isso seja o momento
E que a janela fechada da sala não
Não deixe passar nem um fio de vento
E tudo pára e tudo se ausenta.
Mulheres, crianças, cidades inteiras,
Enquanto,
As histórias verdadeiras nunca se esgotam com “the end”.

Consumismo é proibido.

Nessa casa consumismo é proibido.
O lema é: coma cachorro vivo,
Porque cachorro quente gasta muito ingrediente.

Saudade de aço

Uma liberdade de jumbo num céu de azul profundo,
Uma saudade de aço num inferno de um amor em pedaço.
Ainda bem que passou!!!!!!!!!!!

A lua cheia

A lua cheia de mim vai dizendo que
O fim é assim,
A lua encantada bem no meio da estrada,
Sorridente a bailar,
Voa no céu sem ter asas,
Por sobre a lembrança de quem quer amar
E um manto azul, todo azul derrama
Promessas de um dia voltar
Quando a saudade morrer
E a esperança nascer sob a luz de um olhar.
Intrépida dor de menina abandonada
No tempo de um certo lugar,
Recobra as certezas da vida
De que suas as feridas não demoram sarar.

Contrariedade Infinita

Tudo é louco e toda loucura
É um pouco e de cada pouco do pouco
De cada louco, enlouquecemos
O tanto necessário a formar a
Idéia de amar.
E todo amor é um pouco,
E todo pouco é um louco
E todo louco habita em nós pelos mistérios
Insustentáveis da vereda proibida
Do muito.
E somos muito, somos muito mais do que um desejo
Insano de amar,
Somos o próprio amor amando
Na contrariedade infinita
De nada ter e tudo dar.

Para ti esperar!

Me amor por ti cresce,
Como cresce em si o mar.
Descanso por enquanto,
Apenas para ti esperar !

Noite secular

Nesta noite secular,
Mil olhares não valem mais
Que o teu olhar.

O amor nunca será

Com uma palavra se pode pensar,
O amor é o que é e
Nunca será.