sexta-feira, 5 de junho de 2009

Pequenina,

Pequenina,
A antena agora parece maior, maior que antes e sempre,
E me sinto insegura e tenho medo,
Tenho medo,
sobretudo porque sei que a vida não vai esperar que eu me decida
e tenho que aprender com a faca engulindo meu peito,
mesmo sabendo que de algum jeito,
sou eu mesma me ferindo, abdicando, indo e não indo,
sei também que é preciso coragem para não mandar uma carta que fale de amor,
e também para mandá-la, porque o amor requer ousadia e mudanças,
sem mesmo perguntar ao rio se ele está pronto para seguir com a
força da correnteza.
Sou um rio que não quer ser rio,
quero pular para margem e pescar em mim,
pequenos peixinhos dourados, que eu sei, ainda devem existir.
Estou cansada, não me peças mais nada,
Porque a culpa não é de ninguém e talvez seja,
mas nesse caso não existem pessoas responsáveis.
Existe apenas o que fiz com a idéia delas
e as pequenas fortunas que recebi por tocá-las,
pois sei que alguma delas são mais valiosas do que eu possa imaginar,
outras no entanto são pedras falsas,
falsos diamantes, mas me deram verdadeiros instantes
instantes que durarão séculos para serem esquecidos.
Por isso lhe digo, ou melhor, lhe imploro,
não zombe do meu medo,
Pois ele também nasceu de histórias belas e tristes, do meu desejo voraz de ser
E da minha coragem quem sabe em deixar-me perder,
Talvez por isso agora eu esteja perdida
Em meio à minha própria vida,
como um rio que não sabe seu curso,
mas não saber não o impede de ser rio ou de seguir seu caminho.
Que as minhas águas desçam mansas já que estou farta,
De fazer chorar meu próprio choro
nos olhos de outro alguém.


Nereida
29/04/99.

Um comentário:

  1. Neu, irmã, amiga,
    Você escreve o que sentimos e não conseguimos expressar simplismente porque estamos vivendo e somos fantoches da vida. A poesia "A pequenina" é meu coração falando. Obrigada por nos ajudar.
    Sou sua fã maior!!!
    Cemão

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