sexta-feira, 5 de junho de 2009

Desabrigo

Desabrigo

Por vezes o rio corre e morre em silêncio,
Exprimido entre pedras e sonhos,
Entre um amor e outro.
O rio no entanto segue sem parar, sem pensar em parar,
O rio.
Eu que olhando para o rio em desafio incomparável,
Tento seguir minhas próprias águas,
Minhas inúteis mágoas, correntes tristezas
Eu não saberia ser rio, não saberia conter em mim o curso das coisas,
pois sou coisas e sou rio e sou pedras e silêncio
e meus olhos espantados sentem que não podem cuidar do desabrigo de ser ,
ser é minha loucura, minha desventura, meu álibe
onde me escondo das águas turvas, das chuvas, das tormentas,
dos vendavais de ais, das enfadonhas maratonas diárias,
dos cobradores invulneráveis,
dos letais prisioneiros da moral e dos bons costumes,
dos encolerizados,
pouco amados e até dos jovens poetas enfurecidos de orgulho e soberba.

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