sexta-feira, 5 de junho de 2009

Menino-sol

Menino-sol

Se eu apenas pudesse contemplar de longe o que vivi,
Voltar a sentir meu cabelo livre de vento
E o sentimento que habitava a raiz do meu coração
E me fazia queimar de alegria e imensidão.
Se eu ao menos pudesse....
Onde está o homem das noites de outrora,
Onde havia tempestade
em meio a aurora ?
E que gritava meu nome com a boca cheia de estrelas
E os olhos repletos de luz ?
Em que mundo habita o menino-sol,
Que ainda é o sol da minha vida ?
Pudesse ele cicatrizar essa velha ferida e de novo fazer-me sorrir,
Com seus papiros de infinitos delírios tão pueris como lírios
Brotados no ar, mágicos a bailar num imenso rouxinol da paixão
Cantando versos de trovão antes mesmo do dia raiar,
Onde está o homem metade de mim, meia lua do meu fim,
Meio tudo, meio nada, parte arrancada do todo ?
O único capaz de fazer “Lilith” dormir como menina encantada
Depois de tê-la amado como amam os animais desesperados,
Envenenados de desejo e paixão,
Acalmando seu corpo febril de tesão,
Com límpidas gotas de seu suor.
E com sua voz invocava cantigas antigas
Nascidas em outras vidas que lhe faziam chorar,
Não sei se de medo ou saudade já que toda realidade um dia se perde
No labirinto que é viver.
Se eu ao menos pudesse fazê-lo esquecer tanta dor e sofrimento,
Pediria às nereidas que soprassem uma melodia do mar
E que apenas o menino-sol escutasse o bálsamo suave
De lembranças de passados, tantos beijos antes dados,
Tanto carinho no existir, tanta força, tanto amor não se acaba por sentir,
Mesmo que às vezes dure uma eternidade inteira para torná-lo possível
O amor não se dá jamais por vencido,
Pois se é amor, a mesma vida que separou tratará de juntar
O menino-sol e a menina-lua num só patuá.







Menina-lua

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