quarta-feira, 3 de junho de 2009

Flertes Noturnos

Estou cansada de flertes noturnos na madrugada.Isto, já o fiz muito.
Agora quero mais,quero alguém com quem conversar,alguém que me fale de coisas que ainda não aprendi a escutar,que me mostre árvores de espécies que ainda não conheci.Alguém com quem eu possa ter um banco de horas,colecionar estrelas noites afora.Sentar num fim de tarde qualquer pra escutarmúsica clássicae desejar ver o mar todo numa taça.Ah, eu quero repartir o pão,cuidar da casa e do coração,saber das cicatrizes da vida,doeu...ainda dói ?Trocar os lençóis cobertos com flores,ensaiar lembranças de outros inúteis amores.E de repente sem nada esperar,receber entre a multidãoum beijo cheio de ternura,no centro da minha solidão.Ah, eu quero mais,Neruda e seus versos tintos,vinhos e seus aromas de fruta.Quero uma noite tranquila de sono,um carinho nas costas,enquanto não durmo.Verão, inverno, outono, primavera,e entre as estações,sub-estações de espera.Quero alguém com quem possa chorare que chore comigo também,ao lembrar de uma amiga quefoi embora,ou da família que está mais além. Quero sentir a passagem das horas, ver repetidas vezes os filmes preferidos, e até quem sabe, planejar juntas um filho. Estou cansada, não quero mais estar sozinha nas loucas baladas. Quero montar estantes, juntar livros, planejar uma viagem distante. Quero um amor-amante, que depois da tempestade, seja raios de luar. Que faça da vida uma aventura constante, um vôo no espaço aberto de brincar. Quero um amor amigo, que cozinhe comigo e espalhe por toda casa o cheiro verde das ervas. Quero travesserinho junto, macio, pé com pé, no calor ou no frio. E nas férias de dezembro ou abril, sair pra pescar, tomar banho de rio ou de mar. Sou de muitas querências, romântica em demasia, mas não me iludo, com o par ideal, alguém para me resgatar do mal, para curar a dor de não ser. Quero agora, como um dia quis antes, alguém que saiba me ler e no prelúdio de entrelinhas, no tempo que a vida nos der, ser um amor aberto, sincero, amor para o que der e vier.
Nereida

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