quarta-feira, 3 de março de 2010

Esperar

Essa noite sonhei que é bom esperar.
Espera com criança,
vira esperança.
A vida é para já!!!
Nereida
fev/2010

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

DIA EM MAIO


Amo dias frios. Abro a janela e o vento sopra a chuva pra dentro de mim. Amo as palavras, elas dedicam um tempo ao fim, fecham em si mesmas o que o tempo e a vida deixam abertos, rastream no círculo dos anos as mudanças, as lembranças, as lacunas de sim e de não, a homeopática solidão de dias diversamente perdidos em anos contrários, a confusão . Hoje o poeta traduziu “dia branco”, eu não sei o que isso significa, mas tênue luz se incorpora, penso nos amores de outrora, na lucidez das horas doces, na delícia aflita de desejos incontidos, na pulsação de ventres como o mar revolto, chuva cai resoluta, imediata, desafiando tudo que não pode ser, diálogos escritos ao contrário, temerário paladar.
Escrevo hoje por ti, não para ti, escrevo por dias vagados entre lojas e sonhos de consumo e compromisso, de ilusão e saudade, escrevo para aplacar essa saudade de te ser comum, idônea, gentilmente pessoa, cidadã do universo, quase ausente em tua história. Te escrevo porque por agora o dia cala, a noite que não veio ainda virá comovida embebedar-me. Escrevo por amar-te e o teu rosto disposto em sonho, do que vivi e não sei se vivi, pois acordada ainda durmo à tua espera ...
Como enfrentar o novo, preciso de socorro, amor perdido, um tipo de maldade que ainda não decifro.
Preciso de fé, lâmina nova na minha espada, luz na estrada,
Um caminho escuro e esquisito, um inimigo que mora nesse velho peito aflito.
Anseio um carinho, uma palavra, um gesto, um denguinho.
Aviso aos navegantes, não sobra nada do que era antes, será que um dia vou aprender, vou deixar de esperar, vou resistir ao querer?
Amanhece mais um dia, e rompe uma saudade-antiguidade, pássaros voam aos bandos, sinto-me estranha, desligada de tua realidade, da minha realidade, uma canção me faz lembrar que a vida morre, que o tempo corre por sobre todas as coisas.
Sigo sozinha na cidade escura e quente, no intermitente, na contramão da explicação, num desabafo.
Percorri tantos lugares, tantas vegetações, fiquei mais forte pra chorar pela morte, pra enterrar a ilusão, pra me acompanhar só de estrelas, fiquei inteira.
No mar, na caatinga, no sertão, na extremidade entre o sim e o não, aonde as palavras não chegam, ponta dos pés, dor de sapatilha apertada, lugares de antes já tão distantes, amigos de outrora em nova aurora boreal...
Respirar o ar, encher pulmões, interiorizar repetições, convercer-me que cresci, que é normal perder, seguir, deixar, esquecer, sentir, sem-ti...
Avançar com o que sobrou, pequena borboleta amarela entre o mato verde, tentar ser feliz, sonho no vento, alegria em pensamento, urgência de viver até o fim!!!!!!!!!!!!!!!!!!
Eu preciso do teu silêncio absoluto, obsoleto.
Eu preciso do teu...
Esconde tua voz, cala teus medos
E deixa passar teu brilho.
Haverá nisso um segredo
Que afogará meu medo
E libertará um som.
Arma-se a bancada e as pessoas bancam insaciadas, cumprir as penas, seguir à risca.
As leis deixam sempre alguma pista.
Todos calam, todos falam, poucos concordam.
Pensamentos mal concebidos, cada um dentro de si, a multiplicidade
Toda, a diarréia da concepção.
As tantas portas ilimitadas para o caminho da salvação.
A Glória ou O Glória?
O Tick resplandecente de uma nova era,
Onde não mais se espera gente ser gente,
Onde as palavras são de uma total confusão.
Onde não se vence porque é mais democrático perder.
Portas e janelas se fecham.
Uma inquietação invade o quarto
E um mistério revoa no frio.
Um homem sem corpo se senta ao sofá
E lê meus pensamentos.
Se move e pára.
Tem todos os elementos e não pode nada.
Irredutível e pasmo, faz-se e desfaz-se.
Contínua vida de altos e baixos,
Espectro triste, atmosférico e enfático.
O fantasma do 001
É facilmente notado.
É só procurar no espelho e o notarás meio pálido.
Componho versos sem ritmo.
Acompanho jornais de outros dias.
Países, plásticos e um momento suspenso.
Onde não penso. Onde não...
Sem notícia, sem esperança, inerte,
Prazer de existir.
Deixo-me ir.
Estendo ao sol,
Alço vôo pelo simples prazer
De conhecer o movimento.
Do outro lado do mundo,
Caminho e todos somos iguais.
Fomos, somos, hoje, ontem,
Não importa quando.Ando_ e o oriente se produz infinito no ventre do ser.