sexta-feira, 18 de julho de 2014
Estações: amar a tempo
Vai e tem ido,
a barca do desejo a muito perseguido.
As nuanças crescem continuadas
e se vêem partidas na estrada.
É inútil tentar.
Inverno, e a dor cala o interno,
Outono,
as folhas que caem nos enchem de sonho.
Até que enfim a primavera desponta,
tonta, enfeitiçada de flores,
e amores embriagados de ilusão.
É tão difícil dizer não,
somo seres de criação
e recriamos a cada instante
a possibilidade do encontro (do re-encontro).
É difícil também dizer sim
ao que parte fatigado
e reparte nossa idéia de todo,
os nossos ante-projetos de suor elágrima,
de fúria e desilusão.
Mas depois da primavera tem-se o verão
e os raios fulgurantes do novo
exibem outras cores
e faz nascer uma vontade escondida pela.
A ânsia de se justificar, para si mesmo
o que pode ser (ad infinitum).
Já não é mais possível rejeitar o irresistível
e fincar-se por medo ou mesmice,
por encerteza ou tolice.
Já não é mais.
E o que se pode fazer diante de um agora inusitado
é não recontar o passado,
para que ele não volte.
Antes é preciso deixá-lo
e seguir temporariamente sem ele,
até que tudo se faça (ou refaça)
e que a saudade roa como a traça,
cartas, cartões e fotos,
e a lembrança desfigurada do tempo
pouse como larva se metamorfoseando borboleta
e o que era antes, não mais se reconheça.
E se instale definitivamente a mediação
para vivermos outras pessoas no inverno, outono, primavera e verão.
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