quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Estrategicamente pensar. Deixar de sentir como o mar, grande demais... Sentir menos, ver além de quem se quebra na areia como quem recolhe o coração em pedaços.

segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Mas talvez um dia...

(inspiração dedicada a Tom Zé, grande mestre)


Vc acha td, eu não acho nada,
Vc pensa absurdo e eu na madrugada.
Vc acha errado,
Eu acho não sei.
Vc acha coisas,
Que sequer pensei
Vc pode estar certo ou talvez errado,
Eu não sei direito qual é o meu lado.
Vc acha lixo,
Pode até ser,
Eu não acho ainda,
Não quis entender.
Vc acha td eu não acho nada,
Não tenho teorias,
Sigo minha estrada,
Vc acha fim,
Eu acho só talvez,
Não há nada errado
Em tentar outra vez,
Mas na tentativa
Não tenho respostas,
Só estou disposta a continuar,
Certo ou errado,
É muito binário,
Existem outras formas da gente se amar.
Não faço o que tu queres,
Nem tb desprezo,
Eu apenas prezo
A poesia e o mar,
Mas o teu amor,
É o meu regresso,
É o meu “
start”,
Vou não faço ondas,
Sou da boêmia ,
mas talvez um dia.....
vá me aposentar.
Nereida

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Carta que não foi...

É a hora em que a saudade toca. Hora de delicadeza, em que as palavras buscam em mim encontrar um lugar, pois já perderam o sentido e não se podem explicar. Calo-me, espero, decifro.
Estou sentada à cama, olhando pela janela o céu de um azul intenso. Folhas verdes plantam bananeira nos meus olhos. Folhas de bananeira verdes.
Há pouco eu lia Drummond e lê-lo é sempre captar a forma irredutível de ser. O essencial, o efêmero, o eterno, a morte, amor-te. Mas a vida: respiro um ar de ausência. Tenho paciência.
Paciência é também uma forma de amar...
Tento escrever só por mim. Escrevo por você. Escrevo para você. Nem sei o que escrever, está tudo comprimido em meu coração-garrafa, alguma coisa querendo escapar. Dir-se-ia saudade, uma doença grave que não tem cura, se não fosse a loucura inevitável de você.
Estou eu a fazer um poema ?
Motivo.
Deus me ajude. Jamais invoquei o seu nome com tanta dor. Dor...vamos pensar em amor.
Eu te dou metade do que sou, sou eu, uma rosa precária a se nutrir de esperança. Essa insuportável esperança, vírus de mim desde criança. Ponho-me a correr pelas ruas e chove tanto e choram tanto...
Não choro mais.
Nunca me sentei em meu colo ou me disse, EU ME AMO. Nunca me desejei e no entanto, me desejo com você. Tal como é ou deve ser, ficou um pouco de sua saliva em minha boca, e do seu olhar em minha memória. Do seu jeito, da nossa história. Das suas mãos em meu corpo, inconformadas e sérias, a recolher em si a minha vontade contida.
É já tarde da tarde e os objetos confusos não sabem de nada. Mas estou acordada e sonhando, pensando em ti com unhas, pele, carne, alma...
Na água em que te bebo e se não beber, sou seca.
Quero que compreendas a vida, porque sofrerás sempre.
Trago uma palavra quase de amor, de perdão, para que o azul venha e beije sua testa, num beijo doce e sincero.
Tão frágil sinto-me agora, sorrindo me proponho a tentar e se eu morrer, morre comigo um certo modo de viver.
Pressinto o tempo fluir. Tenho mãos mais experientes e um coração mais cansado.
Muitas coisas me golpearam e foram morar fundo na epiderme. Cicatrizes, sombras aprendidas e esquecidas, exceto quando me lembro.
Perdoa dizeres tanto: é que antes o amor se guardava atrás da cerca de espinhos.
Um pedaço de ti rompe minha solidão, outros pedaços se guardam, dissolvidos à espera de composição.
O tempo que esperei não foi em vão. Eu esperei com esperança fria, calei meu sentimento e ele ressurge recompensado. Mas que não pare aí, que continue lutando pelo melhor a sentir.
Capaz de varrer o mundo e todas as indecisões nele contidas e cumprir seu destino de não ser mais uma dor e de tão somente ser amor, que vai se acumulando século após século e causa vertigem íntima aos que não vêem o invisível entre nós dois.
Silenciosamente deixo a caneta e algo de extraordinário aconteceu ao pensar em você.
...
março de 1995.

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

"No fundo do peito estaos juntos, no canavial do peito percorremos um verão de tigres, à espreita de um metro de pele fria, à espreita de um ramo, inacessível cútis, com a boca farejando suor e veias verdes nos encontramos na úmida sombra que deixa cair beijos " (Pablo Neruda)

Então as estrelas descem e povoam o corredor azul. Borboletas, flores, helenas, percorrem a noite vazia dos meus olhos.
O meu silêncio não te adivinha um segredo, pois tua alma gela perdida no esquecimento. Por dentro, até que por dentro, tens um bosque e tens também um rio sangrento que não sacia tua sede.
Quando chegas, não chegas ainda. Teus pés, tuas mãos, tua boca não finda e és como um encontro incessante da onda e da areia e ainda não chegas e me pergunto, onde então ficaste ? Talvez no trânsito congestionado em que percebias aquela loura indiscreta num carro importado. Ficaste quem sabe no escritório, dentro do armário, ou nas preocupações de amanhã que te consomem hoje. Ou ainda permaneces dormindo, embora eu saiba que estás acordado.
Se há alguém que não sei, este alguém és tu, amado homem. Amado homem.
E na força desta expressão há uma mão que toca um sino de uma pequena igreja perdida no alto da serra e o som do sino atravessa longas distãncias e chega até mim, para anunciar a morte, o fim, de corpos que se entrelaçam por detrás da janela, em cima da cama, na parede do quarto.
Se entrelaçam sem perfume nem cor, assaltados, sacudidos, desprendidos de pudor. Corpos quentes à espreita do tempo.
Um raio ferido, teu nome me assassina e quando passas, fico em ruína.
O coração selvagem deixa cair um fio de sangue na minha pele fria, meu próprio sangue fareja inacessíveis veias.
Descubro-te depois de tudo, depois de percorrer anos e anos a tua cútis úmida, a tua lua habitual. Quantas coisas aconteceram desde então ?
Não pergunteis: é insondável o escudo que trago no fundo do peito, deixai-me e enquanto vivo, apenas continuo. Tua existência é de carne, tua alma, indelével sombra para mim.
Quantas noites sem dormir, de olhos abertos, estampados no teto, delineando teu rosto, hora após hora, dia após dia.
E nada permanece, mas tu permanecias. Houve guerra, houve paz, houve dor e desilusão, houveram muitas fúrias aplacando meu coração, mal sentada a poeira, passado mais um verão, ali estavas, verdadeiro como uma especial solução.
O que tenho é poesia ou amor ?
Uma gota de teu suor e eu já era feliz.
Nos encontramos no fundo de um terreno sem mar, sem ondas, nos encontramos sem trajes. É certo que o mundo mudou, mudamos também e nesse estágio de mudanças permanecer já não convém.
Mudei, mudamos e nesse estado vicioso já nem mesmo nos beijamos e a pena não ocupa, não pode ocupar, a certeza de que nos amamos, ainda que por um instante e se só com um ramo de poesia deixo cair todos esses anos, é para que brilhe logo essa lua altaneira que ilumina futuros enganos.
Tem dias que eu raspo a panela vazia dos meus sonhos e encontro naquela farofa macia a velha saudade dos tempos de outrora,
da barra nunca rendada do vestido envelhecido que minha mãe usava,
de tão velho brotava sobre ele musgos imaginários que acalentavam
minha infãncia dourada.
Tem dias que salto vazia pela poeira do tempo
e adentro correndo nos cômodos do que fui,
e me vejo brincando de ser grande e inalcansável,
grande como a lua ou como uma artista de cinema,
ou como a árvore madura da minha lembrança.
A rua deserta do meu interior,
ainda resiste em mim,
não como agora, deserta,
mas repleta de coisinhas sem fim.
Meninos em cima dos muros empinando pipas multicores,
bandeirolas em dias de festa,
gudes em tantas esquinas,
tudo isso rimando com o pôr-do-sol encantado que trago de cada olhar.
Nenhum deles se foi na minha fantasia,
pois banham perdidos em minha alma essa antiga alegria.
Olhando assim tudo agora,
o que vejo ?
Essa casa vazia, repleta de invisíveis poemas colhidos no meu dia-a-dia
e a panela que ainda hoje raspei com as sobras do que almejei,
foi também resto amolecido da criança que por maldade
um dia exilei.

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Viver muito é sempre pouco!!!
Viver para ir por aí, para ver, notar e ser notada.
Para comprar um vestido caro, digo caríssimo, e esbanjar numa festa e no dia seguinte ir trabalhar descalça.
Para ver o mar, assistir ao pôr-do-sol, tomar banho de chuva.
Para andar de moto, a pé, de buzu, a cavalo.
Para ver o dia nascer da janela do quarto.
Para amar e desamar. Para perdoar.
Para fazer amor e também sexo.
Para acordar de mau humor por mais uma menina ser estuprada
no silêncio do quarto e ninguém fazer nada. Mas também, para recobrar energias e escrever um longo texto de denúncia.
Ir às ruas, chamar mulheres, fazer bagunça, botar a cara no mundo, denunciar.
Para sentir saudade da amiga distante, em outras terras,
e que, no entanto vive num canto do nosso pensamento,
nos acompanhando, nos ajudando a seguir em frente.
Para comprar presente para amigas, para a família,
para se dar presente.
Para de repente, tomar o rumo da vida
Ou enlouquecida pegar a estrada, viajar.
Para sentir saudade de beijos antigos,
namorad@s apaixonados, músicas do passado.
Para ir ao cinema, saco de pipoca, bala grudenta, coca.
Tomar banho de cachoeira, se embebedar sexta-feira.
Para cantar, fazer estripulias, dormir, sonhar.
Par brincar com crianças e ser criança também.
Para ler um livro gostoso deitada na cama
Ou revisitar velhas cartas de amig@s agora perdid@s.
Para fazer trilha, se perder, se achar,
anoitecer inteira guardada por montanhas.
Para ser feliz, e também às vezes chorar,
por aquele vazio estranho, que parece não ter tamanho e a gente não sabe bem onde guardar.
Para ser sozinh@, ser acompanhad@, para ser.
Para contar estória, ser história, aprender, esquecer, evitar.
Para se dar ao luxo de ver a beleza das cores, sentir cheiro, sabores,
para comemorar.
Porque não sabemos direito quando e como tudo vai terminar.
Então só me resta dizer,
a você, pessoa das pessoas,
parte que me habita,
o quanto foi e tem sido bom te amar,
te encontrar nessa época,
dividir, compartilhar,
ter recordações, às vezes boas, às vezes também ruins,
mas todas sinceras, verídicas, estações de aprender e acertar.
que por tudo isso e muito mais,
Viver muito é sempre pouco!!!
Viver é gostoso DEMAIS.

quarta-feira, 22 de julho de 2009

Que tal começar o ano com uma poesia erótica,
com a vida aberta, exposta,
em deleite de vinho e de rosas,
em encontro lunares,alucinantes.
Com tons suaves de músicas e temperos de gostos picantes...
Para vc, desejo o meu melhor desejo,
um beijo grande e um abraço daqueles
que só tu sabes dá...
Respira, calma,
toda dor há de passar!!!