sexta-feira, 18 de julho de 2014
Amor de ainda agora
Se acaso elegi você para sofrer,
para amar,
apara amenizar o meu viver.
Se acaso ainda escolhi teus olhos para recitar
poesia de cicatriz
da dor que é ser mar...
Devo-te desculpas então,
meu doce amor em vão,
jamais poderei me perdoar
por ter passado o tempo sofrendo,
chorando, amando a dor mais do que te amando.
Deixando e partindo,
num mesmo ciclo de enganos.
Nossa história de vida sentida por tantos anos.
Tornou-se um velho enigma,
que por ora não deciframos.
Se acaso, ainda agora,
pareço amart-te mais que outrora,
é que tudo que vivi
ninguém levará embora
e se acaso nesse instante tu partes,
sei que a vida te leva adiante
desse amor de ainda agora.
Consolo
Pegar-te no colo em desleixo
para abarandar a tua dor
e cantar uma música distante
que te faça recordar,
de tudo como era antes
e nunca mais será.
quem dera, meu bem,
te fazer de novo o menino de outrora,
que nem pensava em sofrer
a dor que sofres agora.
Poderia falar-te baixinho ao ouvido
que me escutarias,
a vida arremessa de volta
o prazer em agonia.
Ou talvez antecipando tua dor,
não te falasse nada,
apenas que o sentido do amor
é o passo certo na estrada,
que passo a passo
se faz em difícil estrada.
Que não se espreita o fim,
sem fim se move encantada, na delícia de existir uma relva verde plantada e um
céu de estrelas tantas e tantas flores
e tantas lembranças
de um alguém real e sincero
que será nessa estrada ua companheira, teu elo.
Sei que sairias do meu consolo sem deixar de ser menino,
embora um menino bobo
e atrevessaria tua dor e e a dor que coexistil e dirias ao teu novo amor,
peguei um atalho na estrada,
mas não levou-me a nada,
perdoa-me minha amada,
que a minha estrada leva-me a ti.
Tontices
Se eu fosse um eunuco,
seria maluco.
Se eu fosse um padre,
seria comadre de Deus...
Vejam só!
nada sou
e o que sou,
não posso saber,
pois os gregos fizerm-me crer
que não existo sem a pólis
e se não existe a pólis,
proliferaremos não sendo,
em meio a uma confusão
que está fora do meu jargão.
Se não somos, ora somos então,
mamelucos ou quase cristãos.
Morta-fomes,
sem fome de pão.
Vejo-me só,
sou DEUS!
Nada além
Eu hoje queria escrever um poema cor de vinho,
que sangrasse meu espinho,
toda a dor do Rosa, do Pessoa, do Azul.
Eu hoje queria o mundo nu, carne crua,
carne humana em lua,
queria a cor que apalpa o invisível,
o mais bonito e inevitável,
a brisa que arrebenta o meu opaco.
O nada aterroriza o vento
e se não houvesse olhos, existiria sentimento.
Olá, como vai, vida ?
Direi que estou perdida e de amar morrerei,
morrerei com uma taça fina que quebra
em minha língua e simplesmente nunca mais.
Eu hoje não queria nada além do que eu quero.
(12/06/96)
Estações: amar a tempo
Vai e tem ido,
a barca do desejo a muito perseguido.
As nuanças crescem continuadas
e se vêem partidas na estrada.
É inútil tentar.
Inverno, e a dor cala o interno,
Outono,
as folhas que caem nos enchem de sonho.
Até que enfim a primavera desponta,
tonta, enfeitiçada de flores,
e amores embriagados de ilusão.
É tão difícil dizer não,
somo seres de criação
e recriamos a cada instante
a possibilidade do encontro (do re-encontro).
É difícil também dizer sim
ao que parte fatigado
e reparte nossa idéia de todo,
os nossos ante-projetos de suor elágrima,
de fúria e desilusão.
Mas depois da primavera tem-se o verão
e os raios fulgurantes do novo
exibem outras cores
e faz nascer uma vontade escondida pela.
A ânsia de se justificar, para si mesmo
o que pode ser (ad infinitum).
Já não é mais possível rejeitar o irresistível
e fincar-se por medo ou mesmice,
por encerteza ou tolice.
Já não é mais.
E o que se pode fazer diante de um agora inusitado
é não recontar o passado,
para que ele não volte.
Antes é preciso deixá-lo
e seguir temporariamente sem ele,
até que tudo se faça (ou refaça)
e que a saudade roa como a traça,
cartas, cartões e fotos,
e a lembrança desfigurada do tempo
pouse como larva se metamorfoseando borboleta
e o que era antes, não mais se reconheça.
E se instale definitivamente a mediação
para vivermos outras pessoas no inverno, outono, primavera e verão.
Eterno universo
As confusões se despem,
dentro e fora de mim existe o que era para ser um sonho,
uma alegria.
E frustra-se com a luz do sol
e seu próprio fel,
como um dia a maia opaco,
que não filtra cores,
nem dissassocia emoções.
Então é isso
e eu já nem sei,
é o lixo acumulado ao lado.
É o tempo escorrendo na ampulheta
e os planos que fiz,
e o futuro do mistério se escondeu.
Uma grande loucura agora
deve estacar meu sorvete,
a verdade líquida já sonhada,
alardia ao estranho
de uma revelação.
A vida de repente ficou longa demais,
abismal.
Tenho vontade de correr
e não corro.
Tenho vontade de parar e não páro,
de cuspir, ralhar, argumentar palavrões.
De sair aos saltos,
armada até os dentes,
de não poder mais, de poder mais
e não saber poder.
Armada de mim mesma
e dessa impáfia reveladora do que somos.
E às vezes pode melhorar.
Acreditando no invisível,
no desconhecido, no enigmático
e nessa hipótese posta sobre a mesa como toalha,
tudo vai melhorar.
Não compreendo.
A desoladora realidade, manchetes, sangue, fome, frio
e a plenitude de passageiros que em silêncio se encaminham
para os seus destinos.
Mas diante desse céu azul iluminado,
cahamar um a amigo ou dois
e chorar tudo que se passa aqui em meu peito,
todas essas coisas que são.
e que mesmo eu não sabendo ao certo
como são, sei que são. E isso me deixa em farrapos.
Porque se estou doida e sinto, é um desamparo não ser mais criança
e quando o sol cansar de estar aqui,
adormecer entre anjos, plumas e lençol azul.
E sonhar com o fim da vida,
uma casinha sem muita coisa,
um rio que possa ser rio
e o tempo inteiro a banhar-me,
olhando as plantas crescerem e mudarem de viço nas estações.
Ser tranquila diante da imensidão do mar
e das contradiçoes da lida,
e então sentir-me menos só,
nos desastres cotidianos.
E parar para poder sentir ALEGRIA,
visitar minha vó,
ou uma velha tia.
Relembrar movimentos, ver fotos,
reler minha antiga poesia
e sentir ternura por estar acordada e descobrir enfim que o grande amor não deu em nada.
E do crime ficou o cansaço das horas fatigadas,
como vendavais despertaram em mim qualquer coisa a mais.
Talvez partir, soltar todas as amarras e desembocar à luz de velas,
no que sempre foi e se mistura em mim
feito noite no eterno universo.
Gozo
Ali! Estou eu aqui cheia de fúrias.
Avessa às calcinhas,
o desejo satisfeito
de língua e corpo, de fluido caindo
em volúpia,
numa paixão desenfreada e frenética,
onde os corpos são como chama e vela juntos,
dereetendo às bordas
em lentas gotas quentes de prazer,
umidecendo profundamente em cavidade.
Não! Estou para lá,
estou como um vulcão perplexo de si,
jorrando seu inevitável
calor para fora
e para dentro da incomum experiência de jorrar-se.
Estou agradavelmente entorpecida de algo que
é mais que o sexo penetrante
de um ser dentro em outro,
é um caminho ensurdecedor
de flores imponentes e viçosas que se distraem
no movimento de cores e sons e aromas
que possuem a tudo que sentimos,
gozo!!!
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